segunda-feira, 7 de maio de 2007

Porque há um tempo a transbordar de histórias... lugares e homens que chegaram antes do Surrealismo

Hans (Jean) Arp relatara que o descobrimento do vocábulo dada(ou dadá) se dera por Tristan Tzara, em 6 de Fevereiro de 1916, às seis da tarde e que estava presente com os seus doze filhos, quando Tzara pronunciou pela primeira vez essa palavra. Por sua vez, Huelsenbeck declarara que ele e Hugo Ball (que abrira o Cabaret Voltaire) a encontraram por acaso, quando introduziram, também ao acaso, uma faca num dicionário de alemão-francês, quando estavam à procura de um pseudónimo para a nova estrela do café. Ball dizia simplesmente queTzara estava preocupado com a revista e que a sua proposta de lhe chamar dada fora aceite; que dada significava, em romeno "sim, sim" , em francês, um cavalo de báscula e, em alemão, era um signo de absurda ingenuidade.

O que é certo, é que esse jovem poeta fugido da Roménia, Samuel Rosenstock, mais conhecido pelo seu pseudónimo, Tristan Tzara, será um dos fundadores e principais teóricos do movimento Dada. São da sua autoria os principais manifestos da «revolução dada», levada a cabo, primeiro, em Zurique e, posteriormente, em Paris. Nesses manifestos, encontramos, provavelmente, os mais importantes contributos poéticos de Tzara. Em finais de 1929 abandonará a atitude avassaladora Dada em prol de um surrealismo eminentemente político. Alia-se à Resistência francesa e ao Partido Comunista durante a II Grande Guerra, e torna-se cidadão francês em 1947. Em 1956 abandona o comunismo, em sinal de protesto contra acções perpetradas pelo regime estalinista que invade a Hungria. Morre em Paris, no dia 25 de Dezembro de 1963.



Cá vos deixo um wordshake à dadaísta receitado por Tzara.

PARA FAZER UM POEMA DADAÍSTA

Pegue num jornal.
Pegue numa tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pretende dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Em seguida, recorte cuidadosamente as palavras que compõem o artigo e coloque-as num saco.
Agite suavemente.
Depois, retire os recortes uns a seguir aos outros.
Transcreva-os escrupulosamente pela ordem que eles saíram do saco.
O poema parecer-se-á consigo.
E você será um escritor infinitamente original, de uma encantadora sensibilidade, ainda que incompreendido pelas pessoas vulgares.


Tristan Tzara

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